
Membros, ex -membro ou assistentes de pelo menos 14 tribunais no país são alvos de investigações e ações criminais relacionadas às vendas de decisões judiciais. O número pode ser ainda maior, porque existem descobertas sob confidencialidade.
As suspeitas caem nos dois magistrados que ainda estão ativos e em outros que foram removidos da vida pública, enquanto os casos não são concluídos ou aposentados – por sua própria opção ou por punição aplicada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Os casos também envolvem funcionários que trabalharam em escritórios de magistrados. Algumas investigações incluem suspeitas de participação de parentes e outros próximos aos juízes.
Além dos 14 casos em andamento, existem outras ações que já foram arquivadas, como ocorreu no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ou a execução de uma penalidade em andamento, como com um membro do Tribunal de Ceará.
O STJ (Tribunal Superior de Justiça) e o CNJ priorizaram, nos últimos anos, o julgamento de tais episódios sob a justificativa de que agem para enfrentar a corrupção no judiciário.
Ainda assim, há casos que se arrastam no tribunal há mais de uma década, sem conclusão.
Uma delas é a ação criminal decorrente da Operação Wreck, que investigou o Tribunal de Justiça de Espírito Santo em 2008. Na época, três juízes foram presos por suspeita de nepotismo e decisões.
O julgamento do caso, que atualmente tem um juiz como réu, estava programado para acontecer no STJ este mês, mas foi retirado da agenda.
No processo, o Ministério Público federal apresentou queixas contra 26 pessoas em 2010. Em 2021, quando a ação foi aberta no DST, cinco delas já haviam morrido e o crime de outros havia prescrito porque o acusado já havia completado 70 anos.
A justificativa do DST para a retirada da agenda do caso é um conflito da agenda de parte dos ministros, que não poderiam estar em todas as sessões.
Devido à complexidade da ação, a previsão é de que existem duas sessões apenas com apoio oral chamado, quando os advogados apresentam seus argumentos aos magistrados.
Outras grandes operações são mais recentes e ainda estão na fase de investigação, como as relacionadas a escândalos nos tribunais estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
As investigações estão sob a responsabilidade do ministro Cristiano Zanin na Suprema Corte (STF) e também envolvem suspeitas sobre os escritórios do STJ.
Os casos investigados em diferentes tribunais do país têm semelhanças, especialmente no “modus operandi” do que seria esquemas de vendas de decisão. Às vezes, existe até uma relação entre investigados em diferentes casos.
Os casos investigados no STJ, TJ-MS e TJ-MT estão conectados com a mesma pessoa: o lobista Andreson Oliveira, suspeito de ser responsável por intermediários de negociação ilícita.
Ele está na prisão desde 26 de novembro do ano passado em Mato Grosso.
Outro caso proeminente dos últimos anos é a Operação Faroeste, que já liderou seis juízes do Tribunal da Bahia a se tornarem réus.
A investigação levou à primeira denúncia do prêmio de um juiz brasileiro. No acordo, validado em 2021, ela citou 68 nomes de magistrados, advogados, funcionários públicos e empreendedores.
A colaboração, no entanto, foi demitida no final do ano passado para não conformidade com o contrato. Os testes foram mantidos pelo ministro Og Fernandes.
Os esquemas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e Bahia estão relacionados à captura de terras, com caracteres comuns, relacionados a disputas de terras.
Outra semelhança é a suspeita de envolvimento de filhos de juízes – que, na maioria das vezes, são advogados – na negociação dessas vendas de decisão.
Os números também estão tentando obter a influência dos juízes e obter vantagens nas negociações, como Andreson, em Mato Grosso. Na Bahia, o empresário Adailton Maturino era um cônsul honorário de Guiné-Bissau e um representante de um obscuro diretor italiano que realmente não existe.
As defesas de Andreson e Adailton Maturino negam que eles cometeram alguma irregularidade.
Em parte dos casos em andamento, há suspeitas de oferecer vantagens aos traficantes de drogas.
A Operação Habeas Pater, lançada em 2023, apontou um juiz que fazia parte do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e se aposentou após a operação.
Ele foi investigado por decisões que beneficiaram uma organização criminosa com a atuação, de acordo com a PF, em tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros. O inquérito ainda está no STJ.
Um juiz aposentado do Tribunal da Amazônia também responde ao caso por suspeita de beneficiar traficantes, bem como outras organizações criminosas. A ação contra ela foi aberta em 2022 e aguarda uma decisão. Existem suspeitas semelhantes sobre um juiz de Amapá.
Rio de Janeiro
No mês passado, o STJ condenou três juízes do Tribunal do Trabalho Regional do Rio de Janeiro (TRT) sob a acusação de participar de um grupo criminal que recebeu subornos para dar decisões favoráveis e incluir empresas e organizações sociais em um plano especial para a execução do Tribunal de Trabalho.
Um dos magistrados recebeu uma sentença de 20 anos para os crimes de associação criminal, peculato, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. Outro foi condenado a 20 anos e um terceiro, a dez. O processo está em andamento, com recursos dos magistrados.
As defesas sustentam que são inocentes e sofreram perseguição política.
Investigações e ações em andamento nas vendas de decisões judiciais
Tribunal | Operações | Jurisdição |
Stj | Síamnes | Todo o Brasil |
TRF-1 | Habeas pater | AC, AP, AM, BA, GO, MA, MT, MS, MG, PA, PI, RO, RR, TO e DF |
Trt-rj | Tris em idem | Rj |
Trt-ba | Causa injusta | Ba |
TJ-MT | Síamnes | Mt |
TJ-MS | Última proporção | EM |
TJ-BA | Ocidental | Ba |
Tj-if | Caneta azul | Se |
TJ-ma | 18 minutos | RUIM |
TJ-AM | Parede de la | SOU |
TJ-AP | Bastille Fall | AP |
TJ-to | Maximus | Para |
TJ-SP | Churrasco | Sp |
Tj-es | Wreck, siga o dinheiro | Es |

Dr. Marcelo Suave, Advogado e comentarista politico, casado, pai de uma linda filha, atua na área de familia e sucessão.